quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Zica nº 2: Após o Nascimento

Pois bem, apesar de você ter chorado e esperneado, você nasceu e passou por todo o trauma de sair do melhor lugar do mundo para um lugar frio, cheio de ar e pessoas te furando. Sua mãe até tenta te confortar dando o peito pra você mamar e o aconchego dos braços, mas não é a mesma coisa.

Acima: não é a mesma coisa.

Claro que, com o tempo, nossas preferências mudam, mas enfim.

O grande problema é que, depois que nascemos, ainda não estamos totalmente desenvolvidos. Compare um bebê humano com, por exemplo, um bebê girafa. Assista o vídeo abaixo, que mostra uma girafa dando à luz:


Pra começar, se aquilo fosse um bebê humano teria morrido antes de cair no chão, mas esse não é o ponto onde eu quero chegar. Você viu quantos minutos tem o vídeo? 4:31. E até o fim do vídeo (spoilers) a girafa consegue ficar em pé e até se equilibrar quando recebe uns pedalas da mãe (os cortes do vídeo são desprezíveis na comparação). A gente não consegue nem sentar antes dos seis meses.
Chupa.
Li uma vez que isso acontece porque ser bípede exige um estreitamento da bacia. Então, nos desenvolvemos apenas parcialmente dentro de nossas mães para que elas não fiquem parecendo o Nhonho antes de nós nascermos. Nossa visão é ridícula nos primeiros dias de vida - afinal, não precisávamos dela quando estávamos no aconchego do útero. Enxergamos apenas uns 25cm à frente do nariz, o suficiente para sabermos onde está o peito da nossa mãe. Nossos paladar e olfato são bem desenvolvidos, mas isso não é exatamente uma vantagem se considerarmos que iremos, basicamente, beber leite e sentir o cheiro da nossa própria merda a maior parte do dia.
O cheiro da vida aqui fora.
Ah, e eu falei das cólicas?
Sabe quando uma criança começa a chorar sem parar e ninguém sabe dizer o motivo? A isso dão o nome de cólica, que aparentemente significa "que porra é essa?" no jargão pediátrico. Mas não deve ser nada bom, e o incrível é que é muito comum e dura, geralmente, até o quarto mês.
E você passa por tudo isso apenas se a sua mãe não ficar maluca com a depressão pós-parto, que afeta de 75 a 80% das mães em diferentes graus de intensidade. Existem algumas mães que chegam a ponto de matar seus bebês.
Hora da fogueira.
Mas se você está lendo isso significa que sua mãe não quis te matar (ou não conseguiu e você foi resgatado por alguém), o que é bom. Mas mesmo assim, ela poderia ter te matado sem querer sendo uma mãe relapsa e esquecido você amarrado (a) na cadeirinha no banco de trás do carro, por exemplo.
Ou pisando no seu pescoço sem querer.

Agora que já falamos sobre a merda que é ser completamente dependente dos outros, aguarde o próximo post para uma reflexão sobre as mudanças que acontecem até a gente conseguir sentar sozinho.

2 comentários:

  1. O bebê girafa me lembrou das festas na Tijuca, não sei o motivo...

    ResponderExcluir
  2. Pelas razões dessa postagem e várias outras, então, devo considerar que é ótimo não ter memória dos dias em que era um bebê?

    Mesmo considerando o peito... ná... a mentalidade era outra (colocando de lado Freud e a teoria da putaria (sic)).

    ResponderExcluir